João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

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sexta-feira, 19 de maio de 2017

Marcos DeBrito e seu romance "O Escravo de Capela", Faro Editorial

Além de escritor, Marcos DeBrito também é diretor e roteirista de cinema. Iniciou profissionalmente a carreira como cineasta no Festival de Gramado em 2001 e, desde então, vem produzindo trabalhos cada vez mais ousados. Em 2015 lançou seu primeiro longa-metragem, “Condado Macabro”, dirigido em parceria com André de Campos Mello.
Na literatura, teve seu livro de estreia publicado em 2012 e foi um dos indicados da editora a concorrer ao Jabuti de melhor romance do ano. Em junho deste ano sairá seu terceiro trabalho: “O Escravo de Capela” (Faro Editorial).

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?

Marcos DeBrito: Eu sempre criei histórias, mas como me formei em Cinema e trabalho há mais tempo nesse ramo, elas sempre foram pensadas para a tela grande. O problema é que fazer um filme é muito caro, demorado e precisa do envolvimento de várias pessoas. Imaginei que se eu adaptasse meus textos para a literatura, talvez essa pudesse ser uma maneira de conseguir levar minhas histórias adiante sem que eu tivesse que depender de editais de fomento governamental ou incentivo de empresas privadas.
Como eu desconhecia completamente o ramo literário, encontrei um livro digital na internet com dicas para publicar um romance e entrei em contato com o autor para adquiri-lo. Segui as sugestões e fui atrás apenas das que eram abertas para o gênero que eu tinha escrito. Sendo que isso foi lá por meados de 2008, precisei seguir o velho caminho de imprimir os originais, enviar os calhamaços por correio e aguardar meses por uma resposta. Sempre leio que a maior dificuldade para um escritor é encontrar uma editora que o publique, mas, felizmente pra mim, não tive tantas dificuldades. Meu primeiro livro saiu pela Rocco e o segundo pela Simonsen. Hoje estou com a Faro Editorial e bem feliz em fazer parte dessa casa.

Conexão Literatura: Você é autor do livro “O Escravo de Capela” (Faro Editorial). Poderia comentar?
 
Marcos DeBrito: “O Escravo de Capela” é uma evolução no estilo de escrita do meu primeiro livro, o “À Sombra da Lua”. Ele mantém o estilo ultrarromântico bem detalhista, com reviravoltas, relacionamentos conturbados fadados ao fracasso e muita violência... mas desta vez abordei um personagem do nosso folclore para criar uma história de época que, apesar de ser do gênero horror, se encaixaria muito bem como drama histórico.
Ele se passa em um fazenda escravocrata do século XVIII. Além das questões do trabalho forçado, desenvolvo também as relações entre os membros da família do senhor do engenho. Quando o filho caçula retorna de Portugal com ideias abolicionistas (após ter concluído medicina na Universidade de Coimbra), ele e seu irmão mais velho — que é também o truculento capataz da fazenda — começam a discordar da maneira como os negros são tratados. No meio disso, um escravo é assassinado após tentar escapar em uma mula e as madrugadas começam a ficar aterrorizantes quando esse mesmo homem (que teve a perna decepada) volta dos mortos para se vingar dos senhores da fazenda.

Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro?

Marcos DeBrito: Por ser um livro histórico, precisei fazer uma pesquisa bem extensa sobre as fazendas de engenho de açúcar, costumes do Brasil colônia, relações pessoais e comerciais da época... Isso só para ambientar a trama. Para a história em si, fui atrás das várias versões da lenda do Saci para poder criar uma nova apenas com elementos que pudessem estar de acordo com a realidade que eu gostaria de propor. Para quem estuda nosso folclore, deve ser interessante encontrar os vários elementos que usei para elaborar o personagem.
Não foi um livro muito rápido de ser escrito, justamente por causa da pesquisa. Lembro que o “Condado Macabro” escrevi como roteiro para cinema em apenas um mês, depois foram mais uns três para adaptá-lo como romance. Já “O Escravo de Capela” foram anos pra chegar nesse resultado.

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do qual você acha especial em seu livro?

Marcos DeBrito: Gosto muito sempre que o escravo morto chega na fazenda. Mas tem uma em especial que consegui dar um toque mais bizarro na figura que conhecemos do Saci. Existe até uma ilustração dele nessa forma, feita pelo ótimo desenhista Ricardo Chagas.

“A porta de entrada da sala escancarou-se com uma ventania inesperada e Sabola, em sua forma monstruosa, pôde ser enxergado por todos no umbral. Sua carcaça estava mais apodrecida. O saco avermelhado na cabeça escondia a decomposição do rosto, mas os fluidos gotejados dos orifícios corporais escorriam por seu torso apodrecido, ungindo o couro negro que começava a se rasgar pela pressão das bolhas debaixo da pele. O braço direito, inchado de maneira grotesca, brandiu o facão no alto e o defunto invadiu o cômodo amaldiçoado. Quando adentrou, outra imagem repugnante foi vislumbrada: no lugar do membro amputado do escravo, estava costurada grosseiramente uma perna branca — a de Irineu.”
— Pág. 166

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir um exemplar do seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?

Marcos DeBrito: “O Escravo de Capela” estará nas principais livrarias. Não creio que será difícil encontrá-lo. É a maior tiragem que um livro meu já teve e, mesmo se não for encontrado em loja física, com certeza estará disponível pelos sites. Se alguém quiser autografado, a Faro programou lançamento para o Rio de Janeiro e São Paulo, nos dias 7 e 8 de junho, respectivamente. Estarei por lá para conversar sobre terror, literatura, cinema... estão todos convidados.
Dos meus trabalhos, acho que o longa-metragem “Condado Macabro” é o mais conhecido. Ele foi transformado em livro depois de estrear em festivais e ter recebido alguns prêmios de melhor filme. Foi exibido comercialmente nos cinemas entre novembro de 2015 e janeiro de 2016. Hoje ele está passando umas duas vezes por mês no Telecine Action e pode ser encontrado em várias plataformas de VOD, além de um DVD duplo com vários extras que pode ser adquirido pelo Mercado Livre.

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?

Marcos DeBrito: Sempre! A gente nunca para. Se não é na literatura, é no cinema. Quando não são os dois ao mesmo tempo. Agora em Maio estreia em festivais o longa-metragem “13 Histórias Estranhas 2”, que fui convidado para escrever e dirigir um dos segmentos. E estou captando recursos para vários projetos; Um deles é a versão para os cinemas de “O Escravo de Capela”, mas esse deve demorar um pouco. Na frente da fila estão “O Retorno à Casa dos Pesadelos” (que não posso revelar muito sobre ele ainda) e a adaptação para as telas do livro “Elevador 16”, do meu amigo Rodrigo de Oliveira, também autor da Faro Editorial. Esses seriam os mais próximos da realidade. Também estou envolvido em alguns projetos de série para a TV, tanto brasileira quanto internacional.
Na literatura, para 2018 já estou com contrato assinado para um novo livro. Este ano ainda devo entregar o de 2019 para retomar logo o de 2020. Ainda não posso revelar os títulos, mas esse último vai ser uma continuação.

Perguntas rápidas:
Um livro: Macário
Um (a) autor (a): Álvares de Azevedo e Edgar Allan Poe
Um ator ou atriz: Tenho uma história muito bacana com o ator Francisco Gaspar, que deu vida ao personagem Cangaço no “Condado Macabro”. Começamos juntos, fizemos vários trabalhos em parceria, e não consigo imaginar um filme meu sem tê-lo no set.
Um filme: Enter the Void, do Gaspar Noé. Posso falar outros? Fight Club, do David Fincher. Pulp Fiction, do Tarantino. Lost Highway - Do David Lynch. Requiem for a Dream, do Darren Aronofsky. Dracula, do Coppola. São tantos...
Um dia especial: Os de boas notícias, pois são raros.

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Marcos DeBrito: Queria agradecer a oportunidade de falar um pouco sobre o meu trabalho e pedir a todos que deem chance à literatura de terror nacional. Temos muitos autores talentosos por aqui que acabam esbarrando no preconceito de alguns leitores. E quando o público não consome um produto, as editoras não sentem confiança de aumentar suas apostas em novos nomes. Isso gera um ciclo de exclusão do gênero que atrasa o desenvolvimento desse mercado. Sinto que houve uma melhora expressiva nos últimos anos, tanto no cinema quanto na literatura, mas podemos ir muito além. Tenho sorte de ter encontrado editoras interessadas nas minhas ideias e acredito que há bastante espaço para o gênero crescer. E isso só irá acontecer da maneira que precisa quando nós valorizarmos o conteúdo que é feito por aqui.

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