Anderson Câmara |
Desde a infância a arte faz parte da vida de Anderson Câmara. Nascido na Baixada Fluminense em 1991, filho de nordestinos, começou a escrever aos 16 anos, depois de desenvolver as próprias HQs com seus heróis em folhas de caderno escolar. Apaixonado por histórias excêntricas tanto quanto pela leitura dos clássicos, ainda arrisca uns versos de poesia. Lança os primeiros contos ao público seis anos depois de ter decidido ser escritor; mas sabe que sempre haverá muito o que escrever.
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Anderson Câmara: Devo isso a Stan Lee. Quando era criança sonhava em ser cartunista da Marvel e desenhava meus quadrinhos do Homem Aranha, não demorou muito para que eu criasse meus próprios super-heróis. Os desenhos não eram lá essas coisas, mas algumas das dez histórias que criei para meus quadrinhos com o tempo foram se tornando bem desenvolvidas. Na adolescência foi quando comecei a ler, depois de ter lido metade de O Velho e o Mar (Ernest Hemingway), comecei a ler Harry Potter (como um bom garoto dos anos 2000) e escrevi a primeira vez numa fanfic de Resident Evil no Orkut. A pretensão de ser escritor ainda não existia, aconteceu quando aos 17 tive uma ideia “genial”: um vampiro que se apaixonaria por uma humana. Paralelo a isso eu lia e escrevia contos, e tudo o que produzia era muito influenciado pelos filmes que eu vira na infância e que via na adolescência. Quando descobri que minha ideia genial já fazia sucesso em outra obra, desisti e apostei em tramas mais sérias e realistas, mas nunca consegui me livrar da veia fantástica que me acompanha desde meus super–heróis.
Isso foi como comecei a escrever. Já como entrei no meio (mercado) literário, devo isso à política da Drago Editorial, que é uma das poucas editoras que ainda prioriza a arte, e ao conselho do meu amigo J. Nilson Jr, que escreve para o blog Estrelas de um céu nublado, que sempre foi o primeiro revisor de tudo o que escrevi, e foi quem me atentou para o fato de que já era tempo de procurar meios de publicar.
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Anderson Câmara: Devo isso a Stan Lee. Quando era criança sonhava em ser cartunista da Marvel e desenhava meus quadrinhos do Homem Aranha, não demorou muito para que eu criasse meus próprios super-heróis. Os desenhos não eram lá essas coisas, mas algumas das dez histórias que criei para meus quadrinhos com o tempo foram se tornando bem desenvolvidas. Na adolescência foi quando comecei a ler, depois de ter lido metade de O Velho e o Mar (Ernest Hemingway), comecei a ler Harry Potter (como um bom garoto dos anos 2000) e escrevi a primeira vez numa fanfic de Resident Evil no Orkut. A pretensão de ser escritor ainda não existia, aconteceu quando aos 17 tive uma ideia “genial”: um vampiro que se apaixonaria por uma humana. Paralelo a isso eu lia e escrevia contos, e tudo o que produzia era muito influenciado pelos filmes que eu vira na infância e que via na adolescência. Quando descobri que minha ideia genial já fazia sucesso em outra obra, desisti e apostei em tramas mais sérias e realistas, mas nunca consegui me livrar da veia fantástica que me acompanha desde meus super–heróis.
Isso foi como comecei a escrever. Já como entrei no meio (mercado) literário, devo isso à política da Drago Editorial, que é uma das poucas editoras que ainda prioriza a arte, e ao conselho do meu amigo J. Nilson Jr, que escreve para o blog Estrelas de um céu nublado, que sempre foi o primeiro revisor de tudo o que escrevi, e foi quem me atentou para o fato de que já era tempo de procurar meios de publicar.
Para adquirir o livro: clique aqui. |
Conexão Literatura: Você é autor do livro "O Herói que queria ter medo" (Drago Editorial). Poderia comentar?
Anderson Câmara: Meu primeiro livro lançado com editora foi meu sexto livro (lancei o Fragmentos de forma independente). Apresentei à Drago aos 23 anos, e já escrevo desde os 16. Tem escritor que bota o título por último, o título foi a primeira parte da história que me ocorreu. Eu andava na rua, voltando do trabalho, e surgiu na minha cabeça a questão “e se um guerreiro destemido procurasse ter medo?”. Procurei um lugar tranquilo, sentei, guarneci meu caderninho de emergências criativas e em cerca de uma hora estruturei um enredo simples.
Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo demorou para escrever seu livro?
Anderson Câmara: Foi um livro fácil de escrever, eu já trabalhava no gênero (lit. fantástica) havia cerca de dois anos, num projeto ainda incompleto, e me tornara um admirador de Tolkien (que típico). E escrevi rápido, porque comecei a trabalhar nele para um concurso cujo prazo de entrega seria um mês. Levava o notebook para o trabalho e escrevia no horário de almoço, em cerca de 25 dias terminei. Foi quando descobri que metade do “bloqueio criativo” é meramente preguiça.
Eu já tinha o enredo estruturado, já sabia como começaria e como terminaria (penso que não seja possível começar sem saber como terminar), já tinha a caveira, faltavam as carnes. Não queria um ambiente tipicamente medieval, apesar de antigo, e precisava de criaturas mitológicas. Então imitei Tolkien, fui pescar na mitologia nórdica. A vida informatizada desromantizou a vida do escritor, não existe mais aquele sujeito simplório entrevistando bibliotecários e bacharéis para escrever seu livro, ele apenas senta em seu quarto e todo o conhecimento do mundo passa diante de seus olhos em algumas roladas de página. Assim pesquisei superficialmente sobre os trolls (descobri que a aparência deles é bem diferente da que Peter Jackson botou nos seus filmes), sobre os gigantes de gelo de Yotunheim (daí temos os yotun), sobre o kraiken, mas também criei algumas criaturas, como os sindrols. Tive atenção aos nomes que apareciam em minhas pesquisas, daí consegui montar os nomes como Galelstein, Krondarg e Varkel. Foi um livro divertido de escrever e que gerou bom retorno dos que o leram, apesar de não ter sido minha obra mais trabalhada ou algo que meu pedantismo fosse chamar de “minha obra prima”. Mas, a arte pertence a quem precisa dela, não ao artista, não é? (parafraseando uma fala de O Carteiro e o Poeta).
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?
Anderson Câmara: Este diálogo, de um capítulo do livro intitulado “Instruções”, que foi inspirado por um poema de Neil Gaiman de mesmo nome.
– Hendor... – chamou Gowlin. – Preste atenção: saia sem que te vejam, passe pelos vales sem despertar os yotun, sozinho você não será desafio para eles. Não caia em suas ilusões. Coma e descanse quando o sol descer, pois as criaturas mais terríveis estão fora de suas tocas entre o pôr e o nascer do sol. Vá a pé, um cavalo iria se assustar e o denunciaria quando precisasse fazer silêncio. Leve comida e água para a ida, pois tudo o que a floresta escura gera é venenoso.
– Até as flores – disse Lorthon vagamente enquanto bebia.
– Há uma antiga trilha que você deverá encontrar, siga-a e vai chegar ao outro lado. A trilha não está no chão e você deverá compreendê-la antes de segui-la. Não haverá dia ou noite lá dentro, descanse quando estiver cansado e coma quando tiver fome. Há uma bruxa lá dentro que, se resolver entrar no seu caminho, vai te oferecer coisas tentadoras.
– Aquela vadia ainda deve ter meu olho dentro de uma taça de prata – falou Lorthon outra vez. Gowlin o olhou de soslaio e continuou:
– Não aceite nada, não saia do seu caminho ou se distraia com as ofertas da bruxa, ela é uma cega serva de seres das trevas. Mortos não falam com vivos e nada do que ela oferece, mesmo que seja bom naquele momento, tem um fim bom. Tudo o que esses seres a quem ela serve desejam e oferecem tem um propósito maligno, não se deixe enganar. Além da floresta ficam os vales e buracos dos sindrols. Seja pacífico, não os enfrente sob qualquer circunstância, você sabe que sua loucura os torna quase imbatíveis. Se chegar até aí, o restante do caminho te será claro.
Qualquer um teria tremido ao ouvir estas instruções, mas Hendor sorriu. Esvaziou o copo e saiu da taverna.
Conexão Literatura: Se você fosse escolher uma trilha sonora para o seu livro, qual seria?
Anderson Câmara: Ótima pergunta. Para as viagens imagino The Rain Song, Led Zeppelin.
Para as cenas mais tensas e intensas eu penso na Sinfonia nº 9 de Antonìn Dvořák e principalmente Cry for the moon, do Epica, com a voz perfeita de Simone Simons.
Conexão Literatura: Como os interessados deverão proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Anderson Câmara: Bem, com internet tudo é possível. Tenho uma página no Facebook chamada “Câmara de Arte”, em que posto sobre tudo o que pratico de arte (literatura, fotografia, música). Ali há links para meu canal no youtube (ainda pequeno, no momento desta entrevista). O livro pode ser adquirido na Livraria da Travessa (RJ) e na Livraria Leitura, tanto fisicamente quanto pela internet. E é claro que a loja da Drago Editorial é o meio mais conveniente para quem mora no Rio. Na dúvida, just google it!
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Anderson Câmara: Diversos. Tenho um romance histórico pela metade, que se passa no Brasil em 1974 (já dá pra imaginar o tema). Uma história de mesmo estilo que O heroi que queria ter medo, mas totalmente diferente, e bem mais complexa e comprida, em que estou trabalhando há uns quatro anos. Tenho lançado um livro em que reuni uns contos e poemas chamado Fragmentos, que está no Clube de Autores fisicamente e em e-book. E já está escrita e revisada minha novela policial/psicológica chamada Negromonte.
P.S. o fato de meu próximo livro sair por outra editora diz que a Drago é realmente um ótimo lugar para trabalhar com literatura.
Perguntas rápidas:
Um livro: Moby Dick
Um (a) autor (a): Machado de Assis
Um ator ou atriz: Gary Oldman
Um filme: A Odisseia, de 1997
Um dia especial: O primeiro dia na universidade
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Anderson Câmara:
Que a arte não seja um hobby, mas a própria vida.
Que a vida não seja um hobby, mas seja arte.
Anderson Câmara: Meu primeiro livro lançado com editora foi meu sexto livro (lancei o Fragmentos de forma independente). Apresentei à Drago aos 23 anos, e já escrevo desde os 16. Tem escritor que bota o título por último, o título foi a primeira parte da história que me ocorreu. Eu andava na rua, voltando do trabalho, e surgiu na minha cabeça a questão “e se um guerreiro destemido procurasse ter medo?”. Procurei um lugar tranquilo, sentei, guarneci meu caderninho de emergências criativas e em cerca de uma hora estruturei um enredo simples.
Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo demorou para escrever seu livro?
Anderson Câmara: Foi um livro fácil de escrever, eu já trabalhava no gênero (lit. fantástica) havia cerca de dois anos, num projeto ainda incompleto, e me tornara um admirador de Tolkien (que típico). E escrevi rápido, porque comecei a trabalhar nele para um concurso cujo prazo de entrega seria um mês. Levava o notebook para o trabalho e escrevia no horário de almoço, em cerca de 25 dias terminei. Foi quando descobri que metade do “bloqueio criativo” é meramente preguiça.
Eu já tinha o enredo estruturado, já sabia como começaria e como terminaria (penso que não seja possível começar sem saber como terminar), já tinha a caveira, faltavam as carnes. Não queria um ambiente tipicamente medieval, apesar de antigo, e precisava de criaturas mitológicas. Então imitei Tolkien, fui pescar na mitologia nórdica. A vida informatizada desromantizou a vida do escritor, não existe mais aquele sujeito simplório entrevistando bibliotecários e bacharéis para escrever seu livro, ele apenas senta em seu quarto e todo o conhecimento do mundo passa diante de seus olhos em algumas roladas de página. Assim pesquisei superficialmente sobre os trolls (descobri que a aparência deles é bem diferente da que Peter Jackson botou nos seus filmes), sobre os gigantes de gelo de Yotunheim (daí temos os yotun), sobre o kraiken, mas também criei algumas criaturas, como os sindrols. Tive atenção aos nomes que apareciam em minhas pesquisas, daí consegui montar os nomes como Galelstein, Krondarg e Varkel. Foi um livro divertido de escrever e que gerou bom retorno dos que o leram, apesar de não ter sido minha obra mais trabalhada ou algo que meu pedantismo fosse chamar de “minha obra prima”. Mas, a arte pertence a quem precisa dela, não ao artista, não é? (parafraseando uma fala de O Carteiro e o Poeta).
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?
Anderson Câmara: Este diálogo, de um capítulo do livro intitulado “Instruções”, que foi inspirado por um poema de Neil Gaiman de mesmo nome.
– Hendor... – chamou Gowlin. – Preste atenção: saia sem que te vejam, passe pelos vales sem despertar os yotun, sozinho você não será desafio para eles. Não caia em suas ilusões. Coma e descanse quando o sol descer, pois as criaturas mais terríveis estão fora de suas tocas entre o pôr e o nascer do sol. Vá a pé, um cavalo iria se assustar e o denunciaria quando precisasse fazer silêncio. Leve comida e água para a ida, pois tudo o que a floresta escura gera é venenoso.
– Até as flores – disse Lorthon vagamente enquanto bebia.
– Há uma antiga trilha que você deverá encontrar, siga-a e vai chegar ao outro lado. A trilha não está no chão e você deverá compreendê-la antes de segui-la. Não haverá dia ou noite lá dentro, descanse quando estiver cansado e coma quando tiver fome. Há uma bruxa lá dentro que, se resolver entrar no seu caminho, vai te oferecer coisas tentadoras.
– Aquela vadia ainda deve ter meu olho dentro de uma taça de prata – falou Lorthon outra vez. Gowlin o olhou de soslaio e continuou:
– Não aceite nada, não saia do seu caminho ou se distraia com as ofertas da bruxa, ela é uma cega serva de seres das trevas. Mortos não falam com vivos e nada do que ela oferece, mesmo que seja bom naquele momento, tem um fim bom. Tudo o que esses seres a quem ela serve desejam e oferecem tem um propósito maligno, não se deixe enganar. Além da floresta ficam os vales e buracos dos sindrols. Seja pacífico, não os enfrente sob qualquer circunstância, você sabe que sua loucura os torna quase imbatíveis. Se chegar até aí, o restante do caminho te será claro.
Qualquer um teria tremido ao ouvir estas instruções, mas Hendor sorriu. Esvaziou o copo e saiu da taverna.
Conexão Literatura: Se você fosse escolher uma trilha sonora para o seu livro, qual seria?
Anderson Câmara: Ótima pergunta. Para as viagens imagino The Rain Song, Led Zeppelin.
Para as cenas mais tensas e intensas eu penso na Sinfonia nº 9 de Antonìn Dvořák e principalmente Cry for the moon, do Epica, com a voz perfeita de Simone Simons.
Conexão Literatura: Como os interessados deverão proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Anderson Câmara: Bem, com internet tudo é possível. Tenho uma página no Facebook chamada “Câmara de Arte”, em que posto sobre tudo o que pratico de arte (literatura, fotografia, música). Ali há links para meu canal no youtube (ainda pequeno, no momento desta entrevista). O livro pode ser adquirido na Livraria da Travessa (RJ) e na Livraria Leitura, tanto fisicamente quanto pela internet. E é claro que a loja da Drago Editorial é o meio mais conveniente para quem mora no Rio. Na dúvida, just google it!
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Anderson Câmara: Diversos. Tenho um romance histórico pela metade, que se passa no Brasil em 1974 (já dá pra imaginar o tema). Uma história de mesmo estilo que O heroi que queria ter medo, mas totalmente diferente, e bem mais complexa e comprida, em que estou trabalhando há uns quatro anos. Tenho lançado um livro em que reuni uns contos e poemas chamado Fragmentos, que está no Clube de Autores fisicamente e em e-book. E já está escrita e revisada minha novela policial/psicológica chamada Negromonte.
P.S. o fato de meu próximo livro sair por outra editora diz que a Drago é realmente um ótimo lugar para trabalhar com literatura.
Perguntas rápidas:
Um livro: Moby Dick
Um (a) autor (a): Machado de Assis
Um ator ou atriz: Gary Oldman
Um filme: A Odisseia, de 1997
Um dia especial: O primeiro dia na universidade
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Anderson Câmara:
Que a arte não seja um hobby, mas a própria vida.
Que a vida não seja um hobby, mas seja arte.
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