Foi aberta nos últimos dias, em São Paulo, a 24ª Bienal Internacional do Livro. Mais um grande evento de vendas e de divulgação de livros e escritores e mais uma edição em que a organizadora se mostrou descolada da realidade do mercado editorial.
Como é patrocinada pelas grandes editoras e empresas de mídia, acaba por
valorizar, mais uma vez, quem já é valorizado: os escritores best-sellers
internacionais e nacionais publicados por grandes e famosas editoras. Também
numa tentativa de se inovar, dá o foco para os youtubers, um daqueles fenômenos
criados desde quando o computador com internet chegou por aqui.
Perde-se em mais uma edição a oportunidade de dar visibilidade ao pulsante mercado dos escritores independentes. Ah, mas a feira estava recheada de títulos de escritores independentes e editoras que promovem a autopublicação, alguém pode dizer ao passar pelos corredores do antiquado Anhembi. Sim, sim, há escritores, bastante escritores independentes espalhados pelos corredores, mas e o foco da feira? Alguma programação especial, com luzes e toda a pompa para os livros autopublicados? E olha que isso já era para ser abordado em outras bienais, haja vista que esse assunto vem movimentando o mercado faz tempo, mas lamentavelmente é ignorado pela feira.
No mundo da independência autoral e editorial, as grandes feiras de livros não fazem diferença, pois quase sempre os independentes não conseguem um “lugar ao sol” dentro da feira e quando conseguem, o foco é voltado para os escritores medalhões nacionais e estrangeiros quase sempre promovidos por intensas campanhas de publicidade das suas grandes e endinheiradas editoras. Mas tem algo que as feiras de livros são importantes: o espaço que ocupa na mídia por alguns dias em que o assunto passa a ser o livro e a valorização da leitura. Tal ação pode despertar em alguém o desejo de começar a ler um livro e tornar isso um hábito quem sabe descobrindo, mais tarde, títulos de escritores independentes.
Atualmente participar de feiras menores, de caráter local e regional acredito que seja mais interessante, pois as grandes editoras não têm muito interesse em marcar presença nesses espaços recheados, quase sempre, de escritores independentes que buscam o reconhecimento do mercado, portanto, você se sentirá mais “em casa” participando dessas feiras.
Participar de uma bienal do livro é sem dúvida uma experiência enriquecedora e uma grande vitrine para o seu livro, mas para estar ali demanda um custo elevadíssimo sem garantia que conseguirá poder ficar no espaço destinado ao seu livro gritando para as pessoas pararem para conhecerem o seu trabalho durante todos os dias da feira (lembre-se que ali haverá também outros escritores independentes). Portanto, acredito que as bienais e outras grandes feiras sejam importantes para a promoção do objeto livro e da leitura, mas que diretamente não faz muita diferença para o escritor independente. Mais importante que estar numa bienal do livro, é o seu livro estar em livrarias de bairro, em bancas de jornais e, principalmente na internet, sendo divulgado por você frequentemente nas redes sociais e para isso não é preciso aguardar a cada dois anos.
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